terça-feira, 12 de maio de 2009

Facadas

Um dia ao passar em frente a uma loja, chamou-me a atenção uma folha A4, colada no vidro, manuscrita e com uma letra muito certa e redondinha.
Parei por momentos para ler o que dizia. Sem saber ia ter uma lição que mais tarde iria dar aos meus filhos. O que dizia era mais ou menos o seguinte:

Tendo o filho um feitio extramemente agressivo quando as coisas não lhe corriam de feição, o sábio pai comprou um conjunto de punhais, e chegado a casa ofereceu-o ao filho, dizendo:
"Cada um destes punhais representa as más palavras que me dás a cada acesso de raiva que tens, ou cada vez que fazes algo que me magoe", o filho, olhava espantado para o pai, sem perceber o que este lhe queria transmitir, e o pai calmamente continuou a falar: "cada vez que estiver eminente um acesso de raiva ou que faças algo que sabes que me vai magoar, espetas um destes punhais naquela porta, como forma de conter a raiva, e quando finalmente aprenderes a controlar a raiva e a não magoar os outros, vais retirar todos os punhais da porta"
O filho anuiu e começou a fazer o que pai lhe tinha pedido. Passado um ano o pai chegou perto do filho e disse: " Parece-me que finalmente controlaste a tua raiva, as tuas palavras e actos que tanto me magoaram. a porta, na qual espetaste os punhais representa o meu coração. Agora vais retirar todos os punhais da porta". O filho, intrigado, começou a retirar todos os punhais da porta, e no final olhou para a porta com todas aquelas marcas da sua ira, e egoismo. O pai, pegou numa espatula, num tubo de massa e disse ao filho para cobrir todas as frestas da porta, criadas pelos punhais. No final, o pai calmamente, olhou o filho nos olhos e disse: " A porta mantem-se em pé, mas nunca será a mesma... o mesmo se passa com o meu coração, as feridas que nele deixas podem fechar, mas a sua marca nunca desaparece."

E é assim na vida... magoamos e somos magoados, e raramente nos lembramos de que a marca fica sempre, e dói sempre...
Por muito que consigamos perdoar, nunca conseguimos esquecer.

E abrindo todas as frestas saradas do meu coração apenas digo: Não quero sofrer mais...

Até...

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